Vale tudo?
"Bom é não
comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece,
ou se escandalize, ou se enfraqueça".
Romanos 14:21
Romanos 14:21
A imagem
acima causou (e ainda está causando) muita polêmica nesses últimos dias.
Trata-se de um convite para o culto “Quarta Louca
por Jesus”, da Igreja Missão Evangélica Praia da Costa, em Vila Velha, no Espírito
Santo. Nela, o pastor Lúcio Barreto, da Igreja Batista da Lagoinha, aparece
“cheirando” a Bíblia, em uma situação análoga ao consumo de cocaína.
O pastor
presidente da Missão Evangélica Praia da Costa, Simonton Araújo, falou ao site G1
sobre a polêmica em torno da foto do convite: “O pastor Lucinho tem um projeto
especial com a juventude. A ideia da imagem é mostrar que a Bíblia dá mais
prazer do que qualquer droga. Nosso objetivo não é alcançar os já cristãos. É
alcançar os que estão longe.” Entre as críticas e condenações já esperada de
alguns, que pensam que a foto associa o evangelho aos vícios, como as drogas e
elogios e defesa de outros, quanto a criatividade do convite, fica a pergunta:
há limites para essa “contextualização do evangelho”?
Me foi dado o privilégio
de lecionar a matéria de “Teologia Bíblica de Contextualização” no Curso de
Plantio de Igrejas, capitaneado pelo INTECON, que está sendo ministrado na IBMI
e estamos discutindo justamente isso. Com base em palavras do próprio Jesus
(como em Mateus 24.14) e comparando momentos diferentes da proclamação do
evangelho feito pelo apóstolo Paulo (cf. Atos 9.19-22 e 17.16.31), verificamos
que o limite dessa contextualização está no público alvo dela. O missionário,
pastor, irmão em Cristo Jesus, deve fazer o possível para que a mensagem da
vida e obra de Jesus chegue de maneira relevante, prática e inteligível a quem
está ouvindo.
Jesus falou
por meio de parábolas campestres, quando seus ouvintes eram agricultores, mas
usou linguajar mais rebuscado ao tratar com os mestres da lei; Paulo soube se
reportar tanto a judeus quanto a gentios; precisamos falar com jovialidade aos
jovens, mas com paciência, cuidado sem deixar o bom humor com os mais velhos;
simplificar as ações aos mais humildes e rebuscar, quando preciso aos mais
favorecidos, sem deixá-los de lado.
Porém,
conforme o texto que abriu essa nossa explanação, não nos esqueçamos do nosso
contexto cultural e de que existem pessoas, dos crentes mais tradicionais aos
incrédulos mais pós-modernos, que não entenderão algumas das nossas atitudes,
por melhor que sejam as intenções. Nós brasileiros, não estamos preparados, por
incrível que pareça, para qualquer tipo de atitude dos “crentes”. As pessoas
ainda esperam que tenhamos um jeito diferente de ser. Isso não é ruim e nos
impõe a grande responsabilidade de “não comer
carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se
escandalize, ou se enfraqueça”, mesmo que todos a nosso
redor o façam.
O resultado do
convite do Pr. Lucinho, na tiragem polêmica, são críticas ácidas, trocadilhos e
piadas em diversos meios midiáticos (devo confessar que esbocei um sorriso
quando postaram a foto e legendaram “ao pó voltarás”!). Mas espero que os
amados irmãos da Missão Evangélica Praia da Costa e o Pr. Lucinho, não se
abatam com o resultado e consequências do seu criativo convite. Que possam
continuar a levar mensagens relevantes aos jovens (seu público alvo), com
criatividade, mas pedindo orientação e discernimento ao Espírito Santo para
evitar constrangimentos.
Pr.
Diógenes Cardoso
P.S.: Abaixo o link do vídeo com a resposta do Pr. Lucinho. Tire suas próprias conclusões e deixe o julgamento pra Cristo, hein?!
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