sábado, 1 de setembro de 2012

Vale tudo?



"Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça". 
Romanos 14:21






A imagem acima causou (e ainda está causando) muita polêmica nesses últimos dias. Trata-se de um convite para o culto “Quarta Louca por Jesus”, da Igreja Missão Evangélica Praia da Costa, em Vila Velha, no Espírito Santo. Nela, o pastor Lúcio Barreto, da Igreja Batista da Lagoinha, aparece “cheirando” a Bíblia, em uma situação análoga ao consumo de cocaína.

O pastor presidente da Missão Evangélica Praia da Costa, Simonton Araújo, falou ao site G1 sobre a polêmica em torno da foto do convite: “O pastor Lucinho tem um projeto especial com a juventude. A ideia da imagem é mostrar que a Bíblia dá mais prazer do que qualquer droga. Nosso objetivo não é alcançar os já cristãos. É alcançar os que estão longe.” Entre as críticas e condenações já esperada de alguns, que pensam que a foto associa o evangelho aos vícios, como as drogas e elogios e defesa de outros, quanto a criatividade do convite, fica a pergunta: há limites para essa “contextualização do evangelho”?

Me foi dado o privilégio de lecionar a matéria de “Teologia Bíblica de Contextualização” no Curso de Plantio de Igrejas, capitaneado pelo INTECON, que está sendo ministrado na IBMI e estamos discutindo justamente isso. Com base em palavras do próprio Jesus (como em Mateus 24.14) e comparando momentos diferentes da proclamação do evangelho feito pelo apóstolo Paulo (cf. Atos 9.19-22 e 17.16.31), verificamos que o limite dessa contextualização está no público alvo dela. O missionário, pastor, irmão em Cristo Jesus, deve fazer o possível para que a mensagem da vida e obra de Jesus chegue de maneira relevante, prática e inteligível a quem está ouvindo.

Jesus falou por meio de parábolas campestres, quando seus ouvintes eram agricultores, mas usou linguajar mais rebuscado ao tratar com os mestres da lei; Paulo soube se reportar tanto a judeus quanto a gentios; precisamos falar com jovialidade aos jovens, mas com paciência, cuidado sem deixar o bom humor com os mais velhos; simplificar as ações aos mais humildes e rebuscar, quando preciso aos mais favorecidos, sem deixá-los de lado.

Porém, conforme o texto que abriu essa nossa explanação, não nos esqueçamos do nosso contexto cultural e de que existem pessoas, dos crentes mais tradicionais aos incrédulos mais pós-modernos, que não entenderão algumas das nossas atitudes, por melhor que sejam as intenções. Nós brasileiros, não estamos preparados, por incrível que pareça, para qualquer tipo de atitude dos “crentes”. As pessoas ainda esperam que tenhamos um jeito diferente de ser. Isso não é ruim e nos impõe a grande responsabilidade de “não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça”, mesmo que todos a nosso redor o façam.

O resultado do convite do Pr. Lucinho, na tiragem polêmica, são críticas ácidas, trocadilhos e piadas em diversos meios midiáticos (devo confessar que esbocei um sorriso quando postaram a foto e legendaram “ao pó voltarás”!). Mas espero que os amados irmãos da Missão Evangélica Praia da Costa e o Pr. Lucinho, não se abatam com o resultado e consequências do seu criativo convite. Que possam continuar a levar mensagens relevantes aos jovens (seu público alvo), com criatividade, mas pedindo orientação e discernimento ao Espírito Santo para evitar constrangimentos.

Pr. Diógenes Cardoso

P.S.: Abaixo o link do vídeo com a resposta do Pr. Lucinho. Tire suas próprias conclusões e deixe o julgamento pra Cristo, hein?!

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